As raizes profundas de se sentir uma impostora

Texto em contribuição com Sissa Lourenço


Ela está em uma reunião, cercada por outros líderes. Os números são bons; os resultados estão dentro ou até acima das expectativas. Mas, enquanto apresenta o relatório impecável que passou semanas refinando, uma voz sussurra em sua cabeça: “Será que eu mereço estar aqui? E se descobrirem que eu não sou tão boa quanto pensam?”

É assim que a “Síndrome do Impostor” se manifesta para muitas mulheres em cargos de liderança. Apesar de suas conquistas, habilidades e reconhecimento, um sentimento silencioso de não pertencimento insiste em minar sua confiança. Essa luta interna, quase invisível, não só afeta sua jornada como líder, mas também o ambiente e as pessoas ao seu redor.

Se sentir uma impostora é mais comum do que se imagina, especialmente entre mulheres em posições de liderança. Segundo uma pesquisa citada pela KPMG, cerca de 75% das mulheres líderes já vivenciaram esse sentimento. Para nos aprofundarmos nesse tema, convidamos a consultora da Iluminatta, mentora transformacional e terapeuta, Sissa Lourenço. Ela começa nossa conversa ressignificando o termo “Síndrome do Impostor”.

– Com mais de 20 anos de jornada de autoconhecimento, vez ou outra escuto pessoas compartilharem que sentem que tem a “síndrome do impostor”. Em alguns, ela está mais presente e outros é mais sutil. É interessante observar que essa sensação está presente na vida de muitas pessoas e principalmente, àquelas que são bem-sucedidas. Mas, antes de tudo, vamos ressignificar isso. Não se trata de uma “síndrome”. A palavra “síndrome” nos coloca em um lugar de várias manifestações clínicas que acontecem em nosso corpo. Quando se trata da sensação de impostora, o que vivemos é um fenômeno, com padrões de pensamentos e sentimentos com raízes muito mais profundas do que imaginamos.

As raízes profundas do fenômeno da impostora

O que poucas pessoas compreendem é que a sensação de ser uma fraude não nasce no ambiente de trabalho. Ela é plantada muito antes, em memórias que nem sequer sabíamos que existiam.

Você já parou para refletir que a nossa primeira experiência no mundo acontece no útero?

Você conhece a sua história? Sabe se você foi uma gravidez desejada pelos seus pais ou não? Desde esse momento vão sendo registradas em nossas células crenças primárias como por exemplo: “eu não sou bem-vindo(a)”

E se na sua gestação seus pais estavam esperando um menino e veio uma menina – e vice-versa – os registros que podem ter ficado é que “eu não sou bom/boa o suficiente como sou” ou que “eu preciso ser outra pessoa”. Essas memórias celulares inconscientes nos acompanham e são ativadas mais tarde na vida, principalmente diante de grandes desafios e conquistas.

Outro ponto importante de precisamos levar em consideração é o nosso campo sistêmico, herdamos não apenas o DNA, mas também as dores, os sacrifícios e as lealdades invisíveis de nossos ancestrais.

Se viemos, por exemplo, de uma linhagem de mulheres (ou homens) que lutaram muito, que não tiveram acesso a oportunidades ou que acreditavam que a vida “precisa ser difícil”, o nosso sucesso pode gerar um conflito interno inconsciente. Por lealdade ao clã, podemos sentir que não temos o direito de ter uma vida mais fácil, abundante ou de ocupar um lugar de destaque. Ter sucesso seria “trair” a família e correr o risco de não pertencer.

Além desses pontos temos outros que também impactam e alimentam essa sensação de impostura, como: a vida escolar, a sociedade, as redes sociais e claro, todas as crenças limitantes advindas de todas essas variáveis.

Então, como podemos transformar esse fenômeno?

O caminho não é “eliminar” o impostor em nós, mas mergulhar em suas origens para liberar o que não é nosso.

Seguindo essa linha – que as raízes são profundas -, posso afirmar que o autoconhecimento é a chave que vai nos ajudar a mapear nossos padrões de comportamento além do trabalho transformador que vem quando tratamos as memórias inconscientes de gestação e nascimento e as memórias transgeracionais.

Portanto, da próxima vez que essa voz surgir, respire fundo. Acolha-a como um sinal de que você está rompendo com velhos padrões, tanto seus quanto de sua ancestralidade.

Você não é uma síndrome, você é a evolução de uma linhagem. Você não é um(a) impostor(a), você é a prova de que a liderança pode e deve ser autêntica, intuitiva e profundamente conectada com a força da vida.

O papel do autoconhecimento e da cultura organizacional

Para enfrentar o Fenômeno do Impostor, é essencial que a própria organização crie os alicerces que sustentam a confiança e a autenticidade de suas lideranças.

O problema muitas vezes vem do contexto maior: ambientes corporativos que não oferecem espaço seguro para vulnerabilidades ou para a troca genuína entre pessoas.

Na Iluminatta, acreditamos que transformações reais começam no olhar profundo para a cultura e o autoconhecimento. Nossos programas impulsionam líderes a identificarem seus padrões de pensamento, reconhecerem suas forças e criarem cenários que encorajam o desenvolvimento mútuo.

Ao mesmo tempo, cabe às empresas estimular políticas de diversidade, inclusão e feedback contínuo, consolidando ambientes onde as mulheres líderes possam operar sem medos e sem máscaras.

Se você é uma mulher em posição de liderança e já sentiu que não era o suficiente, este artigo é um lembrete para você: você não está sozinha. E mais importante, isso não é uma fraqueza, mas parte da jornada de uma liderança real.

Precisa de ajuda para líderar com mais confiança e autonomia? Entre em contato com a Iluminatta e descubra como nossos programas podem ajudar você – e sua equipe – a transformar cultura em confiança, e confiança em grandes resultados: https://iluminattaparalideres.com.br/solucoes/

COMPARTILHE

Ouça o Podcast
do Iluminatta