Artigo escrito em colaboração com Daniel Mendes
Imagine ter na sua equipe um especialista na sua área, que domina décadas de conhecimento, executa tarefas complexas com agilidade e está disponível 24 horas por dia, sem interrupções. Agora tem um detalhe: esse profissional não é humano. Você contrataria esse candidato?
Estamos saindo da era em que a IA era usada apenas como copiloto para uma nova fase, em que ela se torna um agente. Isso significa que a IA agora pode agir de forma autônoma, realizando uma sequência de tarefas e tomando decisões sem a necessidade de intervenção humana. Um exemplo é o caso de um pedido de reunião recebido por e-mail: o agente de IA avalia se a reunião faz sentido, verifica na agenda o próximo horário disponível, agenda o compromisso, inclui no convite os participantes necessários e responde ao e-mail confirmando que a reunião foi marcada.
“Comprar” um colaborador agente soa estranho? Bem, é hora de se acostumar.
Estamos oficialmente entrando na era dos recursos híbridos, um cenário em que o RH precisa gerenciar equipes compostas por pessoas e inteligência artificial. Os agentes estão ganhando espaço nas empresas com velocidade impressionante, ampliando suas habilidades e assumindo novas funções que até pouco tempo eram inimagináveis. Alguns até já receberam nomes próprios, e, em certos casos, há quem defenda a ideia de integrá-los formalmente aos organogramas corporativos.
Essa transformação está mudando o papel do RH. Cada vez mais, os profissionais de recursos humanos estão delegando tarefas administrativas à IA e direcionando seu tempo e energia para o que realmente importa: o desenvolvimento e o crescimento das pessoas de forma humanizada.
A IA expande nossas capacidades, aumentando a produtividade e liberando tempo para pensarmos de forma mais estratégica e para nos dedicarmos ao que nos torna mais humanos: cuidar do nosso estado interno e das nossas emoções e construir relações saudáveis e com conexão no ambiente de trabalho. O futuro do trabalho já está acontecendo. E a convivência entre humanos e agentes será, muito em breve, tão natural quanto qualquer outra mudança tecnológica que já vivenciamos. A questão é: sua empresa está pronta para aproveitar ao máximo essa nova realidade?
Transformação Digital no RH: Inspirações de Grandes Empresas
Grandes organizações estão mostrando o caminho. BRF, Unilever e Suzano são exemplos de como a inteligência artificial está transformando a gestão de pessoas e acelerando resultados.
Na BRF, por exemplo, em 2018, 70% do trabalho do RH era voltado a tarefas operacionais. Hoje, graças à tecnologia, esse número caiu para 30%. Isso permitiu que 70% do tempo da equipe fosse redirecionado para iniciativas estratégicas, como planejamento de carreira e desenvolvimento organizacional.
Já na Unilever, agentes foram implementados para responder e automatizar questões rotineiras, como dúvidas sobre benefícios e gestão da folha de pagamento, alcançando uma precisão quase perfeita. Além disso, ferramentas como Una e Flor estão ajudando colaboradores a resolver problemas de forma rápida e autônoma, criando um ambiente mais ágil e eficiente.
Na Suzano, a inteligência artificial foi além: tornou-se uma aliada no crescimento dos colaboradores, oferecendo sugestões personalizadas para planos de desenvolvimento. Essa abordagem não substitui o papel humano, mas complementa, criando um equilíbrio que aumenta o engajamento e a adesão aos programas de capacitação.
RH: O Protagonista na Era da IA
Com a chegada da inteligência artificial, o papel do RH tornou-se ainda mais estratégico. Não se trata apenas de implementar ferramentas tecnológicas, mas de liderar uma transformação que equilibre inovação, ética e impacto humano.
Ana Claudia Plihal, Líder do LinkedIn, defende que o RH tem uma oportunidade única de se posicionar como o principal agente dessa mudança. Segundo ela, a IA deve ser usada para potencializar competências humanas — como criatividade, empatia e adaptabilidade —, e não para ofuscá-las.
Os 8 Pilares da IA Responsável no Ambiente Corporativo
Para que a IA seja implementada de forma ética e eficaz, é essencial adotar diretrizes claras. Sergio Mantovani, da Accenture, destaca os pilares fundamentais para uma aplicação responsável:
1. Governança: Estabeleça políticas e diretrizes claras para o uso de IA.
2. Segurança: Certifique-se de que as ferramentas sejam utilizadas apenas para os fins designados.
3. Robustez: Monitore e atualize continuamente o desempenho das soluções.
4. Transparência: Comunique claramente como e por que a IA está sendo utilizada.
5. Responsabilidade: Defina quem é responsável pela gestão da IA na empresa.
6. Justiça: Identifique e elimine vieses, promovendo a equidade.
7. Conformidade: Esteja em conformidade com as leis e regulamentações aplicáveis.
8. Humano no Centro: Avalie constantemente o impacto da IA sobre os colaboradores e crie soluções que os coloquem como prioridade.
Tecnologia com um Toque Humano: O Futuro que Estamos Construindo
A inteligência artificial não veio para competir com as pessoas, mas para amplificar suas capacidades. Quando bem utilizada, a IA permite que empresas alcancem novos patamares de produtividade e, ao mesmo tempo, criem um ambiente mais humano e colaborativo.
Empresas que abraçam a transformação digital com responsabilidade estão descobrindo que a verdadeira inovação acontece quando tecnologia e humanidade andam lado a lado. Não se trata apenas de automatizar processos, mas de criar culturas organizacionais que priorizem o aprendizado contínuo, a criatividade e o bem-estar das pessoas.
A IA nos oferece a oportunidade de expandir nossas capacidades, permitindo criar e executar mais em menos tempo. Com isso, ganhamos algo valioso: tempo para focar no sentir, algo que a empatia humana pode proporcionar. E você, já pensou no que fará com o tempo que a IA te liberará? Como profissional de RH, que tal usar esse presente para tornar suas relações ainda mais humanas?
O futuro do RH já está aqui. Como sua empresa está se preparando para essa nova era de recursos híbridos?
Este artigo foi produzido em colaboração com Daniel Mendes e teve como referência Revista Você RH dez/jan 25